segunda-feira, maio 23

A pequena vendedora de fósforos

Eu lembro da primeira vez que me senti realmente angustiada sobre alguma coisa, e foi quando eu tinha uns 5 anos e assisti, num fita VHS que a minha mãe gravou da tvescola, um filminho do conto da pequena vendedora de fósforos. Eu assisti aquele vídeo umas duas, três vezes, o que era muito pouco para quem assistia os mesmos filmes mais de dez vezes. Eu começava a chorar quando a menina ia na porta de um teatro vender os palitos de fósforo, e as pessoas muito bem aquecidas que ali estavam pareciam nem notar sua existência, enquanto a menininha morria de frio. E a menininha morreu de frio, mas encontrou sua avó e foi feliz para sempre, como tem que ser. Mas eu não acreditava que ela havia sido feliz, como alguém poderia ser feliz morrendo de frio? E eu chorava com culpa, porque eu não gostava que me vissem chorando, assim, por nada, por um desenho idiota. Ontem eu assisti o filme "O mágico" e eu senti exatamente a mesma coisa que senti quando assisti a menininha dos fósforos morrendo de frio, senti como se algo me prendesse o ar, e eu queria chorar, mas eu não ia chorar por um desenho, não ali na frente de todas as pessoas, não ia chorar por isso com 19 anos. Não chorei, mas talvez o ar ainda me falte.

2 comentários:

  1. Eu assisti a esse curta há alguns dias atrás! Me emocionei, tão triste... E o foguinho que saia dos fósforos faziam com que ela tivesse sonhos e mais sonhos bonitos... Triste.

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  2. Oi, Larissa! Sou prima da Thaysa e sempre dou uma olhada no blog de vocês!
    O Mágico é realmente de tirar o ar, digo, de prender o ar... É de uma sensibilidade que também se vê e sente na Pequena Vendedora de Fósforos...
    Acho que essas histórias fazem com que reforcem em nós o que tentam nos retirar de nós no dia-a-dia e que assim não percamos pela estrada da vida a sensibilidade, a poesia e a esperança de um mundo diferente e melhor... Que não sejamos máquinas, em quanto se sentir comovida por uma beleza assim saiba que é digno suas lágrimas, isso é do sentimento de ser ser humano! Goste do texto! Parabéns!
    Beijos!
    Júlia

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